domingo, 16 de maio de 2010

O Mito da caverna

     
  Imaginemos, escreve Platão, uma caverna separada do mundo exterior por um alto muro. Entre o muro e o chão da caverna há uma  fresta por onde passa alguma luz externa, deixando a caverna na obscuridade quase completa. Desde seu nascimento, geração, após geração, seres humanos ali estão acorrentados , sem poder mover a cabeça na direção da entrada  nem se locomver até ela, forçados a olhar apenas a parede do fundo, vivendo  sem nunca ter visto o mundo exteriror nem a luz do sol. Estão quase no escuro imobilizados.
Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do lado de fora sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna (pessoas na caverna como se fosse uma sala de cinema e o fogo como a luz de um projetor de filmes).
        Do lado de fora, pessoas passam conversando e carregando  nos ombros, figuras e imagens, objetos, mulheres, animais, cujas sombras também são projetadasna parede da caverna. Nunca tendo visto o mundo exterior, os prisioneiros julgam que as sombras das coisas e das pessoas, os sons de suas falas e as imagens das coisas que transportam nos ombros, são as próprias coisas externas, e que os artefatos (as figuras e imagens que alguns transportam) são seres vivos  que se movem e falam.
Os prisioneiros se comunicam dando nome às coisasque julgam ver, (sem vê-las realmente, pois estão na obscuridade) e imaginam que o que escutam e  que não sabem  que são sons vindos de fora, são as vozes das próprias sombras, e não dos seres humanos cujas imagens estão projetadas na parede, e não imaginamque os sons produzidos pelos artefatos que estas pessoas carregam nos ombros são vozes de seres reais.
       Qual é, pois a situação  dessas pessoas aprisionadas? Tomar sombras por realidade, tanto as sombras das coisas  e dos seres humanos exteriores como, como as sombras dos artefatos fabricados por ele. Essa confusão, porém, não tem como causa um defeito na natureza dos prisioneiros, e sim, as condições adversas em que se encontram. Que aconteceria se eles fossem libertados dessa condição miserável?
      Um dos prisioneiros, incorformado com a condição em que se encontra, decide abandoná-la. Fabrica um instrumento com o qual, quebra os grilões. De início, move a cabeça, depois, o corpo todo;  a seguir, avança na direção  da saída da caverna  e escala o muro. Enfrentando as durezas de um caminho íngreme e difícil,  sai da caverna. No primeiro instante, fica totalmente cego, pela luminosidade do sol, com a qual seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a direção da luz externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia no interior da caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade  e o deslumbramento.
     Incredulidade, porque será obrigado a decidirsobre onde se encontra a realidade: no que vê agora ou nas sombras em que sempre viveu? Deslumbramento (literalmente ferido pela luz), porque seus olhos não conseguem ver com nitidez, as coisas iluminadas.
     Seu primeiro impulso é retornar à caverna para livrar-se da dor e do espanto, atraído pela escuridão que lhe parece mais acolhedora. Além disso, precisa aprender a ver, e esse aprendizado é doloroso, fazendo-o desejar a caverna, onde tudo lhe é familiar e conhecido.
     Sentindo-se  sem disposição para regressar à caverna  por causa da rudeza do caminho, o prisioneiro (agora ex-prisioneiro) permanece no exterior. Aos poucos, habitua-se à luz e começa a ver o mundo. Encanta-se tem  a felicidade de, finalmente ver as próprias coisas, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. Doravente, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as suas forças para jamais regressar a ela. Mas lamenta a sorte dos outros prisioneiros. Por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrãneo sombrio para contar  aos demais o que viu e convencê-los a se libertar também.
        Que lhe acontece nesse retorno? Os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras. Se não conseguirem silenciá-lo com suas caçoadas, tentarão fazê-lo espancando-o. Se mesmo assim ele teimar em afirmar o que viu e os convidar a sair da caverna, certamnete acabarão por matá-lo. Mas, quem sabe, alguns poderão ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidir sair da caverna rumo à realidade?

Oque é a caverna?
Que são as coisas projetadas no fundo?
Que são as correntes e os grilhões?
Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna?
O que é aluz do Sol?
O que é o mundo ilumonado pelo Sol da verdade?
Qual o instrumento que liberta o prisioneiro rebelde e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros?

 A Caverna nada mais é do que  o mundo de aparências em que vivemos . As sombras projetadas são as coisas como as percebemos. Os grilhões e as correntes que aprisionam os prisioneiros, são os nossos preconceitos, as nossas crenças de que o que estamos percebendo é realidade. Quem se rebela e sai da caverna é o filósofo e o instrumento utilizado por ele para se libertar, é a Filosofia.. A luz do Sol, é a luz da verdade e o mundo iluminado pelo Sol, é a realidade.

Filosofia e Sociologia
Marilena Chauí & Pérsio Santos Oliveira
Imagem: http://media.photobucket.com/image/mito%20da%20caverna%20de%20plat%2525C3%2525A3o/akimeblack/20070718klpprcfil_11IesSCO.jpg

8 comentários:

  1. Amigo Jotapeh, o mito da caverna, de Platão, é a representação do nosso cotidiano, onde vivemos enclausurados em nosso próprio mundo, sempre buscando uma luz que nos direcione à saída. A partir do momento que conseguimos nos libertar de nossos preconceitos, e de tudo aquilo que nos é imposto pela sociedade, conseguiremos sair da nossa própria caverna. Excelente texto. Abraços. Roniel.

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  2. José Aparecido,

    Você fez uma análise bastante significativa sobre O Mito da Caverna.

    Eu participei do I Congresso Internacional dos Valores Universais, realizado pelo Palas Athena, em 18/09/2001, e apresentei um trabalho onde relacionava o Mito da Caverna com a Internet, pois a Internet é a Paidéia dos Novos Tempos, e, nos dias de hoje, é a caverna da maioria das pessoas, e estas precisam saber sair desta caverna para não morrerem dentro dela.

    Assim acontece com a nossa vida, quando nos fechamos em nosso próprio mundo, esquecendo-nos que há um outro mundo fora da nossa caverna particular.

    Esse assunto é bastante abrangente, e muito agradável também, apesar que me considero meio suspeita ao falar de filosofia. rsss

    Adorei!

    Bjs.

    Rosana.

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  3. Já fiz a análise deste texto na aula de Literatura mas gostei da sua...

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  4. Oi,
    Jotaph,
    amigo belíssima reflexão esse texo acho, que todo mundo tem uma caverna dentro de si. Alguns têm coragem de sair, outros não.. Gostei...
    Olha, amigo agradeço a visita e o comentário lá no banana com farinha e quanto a texto "Não guarde lixo em sua vida" não é um texto meu. Um amigo enviou-me via e-mail e resolvi postá-lo. Desconheço o Autor. Quanto a usá-lo fique a vontade.
    Beijão no seu coração e fica com Deus

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  5. Profº Apolonio,que linda reflexão.Quem de nós não constrói cavernas,e enxerga o mundo por meio de sombras?Cabe a nós todos buscar a luz,por meio do amor a sabedoria,assim como os filósofos.
    Bjos

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  6. Já tinha lido sobre este mito, mais sempre é bom fazer as pessoas pensarem mais na própria existência.Interessante. Bjsss

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  7. Quem sabe as nossas vidas, não são mais que verdadeiros mitos.

    Abraço!

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  8. Amado professor Aparecido, parabens pelo blog, excelentes posts. Estou seguindo seu blog, se possivel siga-me tambem para juntos acrescentarmos para o reino de Deus.

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